Minha Partida

Então eu me perguntei
Que devo fazer agora
Já que tudo se acabou?
Lembrei da infância querida
Minha terra, minha vida
...Daquilo que já passou
Lá eu pulava, corria, pescava
Tambem cantava, amava, sonhava
Brincava de enfermeira e doutor
Na juventude
Os sonhos da vida foram se modificando
Vivia a estudar, escolher coisas
E com as garotas andava sonhando
Eram cinemas, praças, muita alegria
Um mundo feliz era o que pressentia
Chegou o amor
E junto, o trabalho, a responsabilidade
Os sonhos sumiram
Então minha vida mudou de realidade
Me perdi nos devaneios das grandes cidades
Com o duro trabalho, casamento, filhos...
Mas pergunto cadê minha faculdade?
Esta ficou fora dos trilhos
Burro manso, velho chato, fiquei!
Aos olhos dos outros foi em que me tornei
Hoje, idade avançada, filhos crescidos
Já não sobrou mais nada de mim, fui subtraído
Ninguem me ouve
Ninguem me obedece, ninguem me ver
O mundo agora é dos outros, que posso fazer?
Sofrimento e dor me claudicam a mente
Aguardo minha partida
Sei que não sou tão diferente
O tédio, as dores, as indiferenças
Me levam a querer soçobrar
Já não tenho mais crenças
Nem se quer um lencinho
Para as lágrimas enxugar
Agora
O que resta da vida
Entre vindas e idas
É só a morte esperar.
Josue Ramiro Ramalho